quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Teatro - Curitiba 2008

Vida louca vida

Não Assim Tão Longe, estréia da atriz Maureen Miranda na direção, retorna a Curitiba depois de percorrer cidades paranaenses e fazer temporada em São Paulo
Discutir o suicídio por meio de um elogio à vida. Essa é a idéia-força do espetáculo Não Assim Tão Longe, que reestréia hoje em Curitiba, e segue até 14 de dezembro. A peça teve a sua sessão seminal no Festival de Curitiba, em março deste ano, correu o Paraná (emocionou Campo Mourão), seguiu rumo a São Paulo, onde ficou em cartaz por dois meses no Teatro dos Satyros (na Praça Roosevelt), e agora ocupa o Mini-Guaíra, palco onde a diretora Maureen Miranda debutou como atriz há 17 anos.
Apesar desse ziguezagueante perambular por espaços tão díspares, Não Assim Tão Longe mantém praticamente a mesma proposta e estrutura iniciais. O livro Suicídio: Testemunhos de Adeus, da psicóloga Maria Luiza Dias, deflagrou horizontes inventivos para o núcleo da Insólita Cia de Teatro, formado por Maureen, o seu marido faz-tudo Daniel Siwek (ator, cenógrafo, sonoplasta e designer), mais a produtora Bia Reiner. Os relatos de muitos anônimos que colocaram um ponto final na própria existência se juntaram a textos de suicidas ilustres, a exemplo das autoras Sylvia Plath e Virginia Woolf.

Em cena, Swiek e a atriz convidada Chiris Gomes (que substitui Adriana Seiffert) dramatizam situações que desnudam o que se passa no imaginário daqueles que não encontram mais sentido para o pulsar humano. Dois vasos sanitários insinuam a “imagem banheiro”, um dos poucos locais em que a solidão e o silêncio parecem ainda ser possíveis. Objetos utilizados para interromper a vida, como um revólver e cordas para enforcamento, são manuseados pelos atores. Subliminarmente, uma trilha sonora de canções estrangeiras reforça o tema central da montagem, com destaque para “Where Is My Mind?”, do Pixies, presente também nos derradeiros momentos do filme Clube da Luta, outra referência mais do que direta do tema-tabu.

O veloz zeitgeis

Esta primeira semana de dezembro tem sido de não-dormir para Maureen. Não se trata de crise de insônia, mas de absoluta falta de tempo, fruto de excesso de trabalho. Como se não fosse tarefa hercúlea dirigir e ajustar as arestas de Não Assim Tão Longe, na sexta-feira (5) ela retoma a experiência como atriz na nova temporada do espetáculo Volta ao Dia..., no Teatro José Maria Santos. Mas o verbo cansar não tem sido conjugado. “Estou mesmo é estimulada. Gosto do trabalho de atriz, mas depois de beber da água que é dirigir, percebo que entrei numa aventura que não tem volta.” Ela ainda encontra gás para esboçar Os Três Espelhos, o próximo projeto enquanto diretora, ao lado da assistente de direção Jaciara Rocha, que deve se materializar no futuro 2009.
Maureen experimenta neste presente um dos mais estimulantes, e saborosos, momentos. O apartamento que adquiriu em São Paulo funciona durante nove meses, enquanto se divide, entre outras urgências, com as performances da Sutil Companhia de Teatro (de Felipe Hirsch), elo que perdura há oito anos. O outro imóvel, situado nestas paragens, sinaliza que Curitiba se faz território cada vez mais fértil para projetos e ações. Ela tem o nome registrado em 25 programas de peças teatrais. Ainda ilustra livros e atualiza, com alguma freqüência, o seu espaço mais do que pessoal na internet, o http://maureenmiranda.blogspot.com.
Mas o que move Maureen a soltar rojões e brindar com Chandon é perceber que essa estréia como diretora se traduziu em um espetáculo perfeitamente compreensível, sobretudo até para quem não é do meio cênico. “Meu pai, minha mãe e minha irmã entenderam tudo. Isso é uma conquista. Fico feliz por conseguir me comunicar”, confessa. Ela ainda festeja porque Não Assim Tão Longe passa longe do que chamam de “pão e circo”. “Fiz essa peça para provocar reflexões. As pessoas saem do teatro perturbadas”. Não Assim... pretende ser uma provocação: pensar na morte para celebrar a vida.

matéria http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/cadernog/conteudo.phtml?tl=1&id=834560&tit=Vida-louca-vida


Serviço

Não Assim Tão Longe. Direção de Maureen Miranda. Com Daniel Siwek e Chiris Gomes. Mini-Guaíra (R. Amintas de Barros, s/nº). De hoje até 14 de dezembro. De quinta à sábado às 21h. Domingo às 19h. Ingressos: R$ 15. 50% de desconto para estudantes, idosos, professores e portadores do Cartão Teatro Guaíra. Classificação etária: 12 anos. Mais informações:(41) 3304-7982.


terça-feira, 28 de outubro de 2008

Quero questionar

Gostaria de questionar, não sobre o conteúdo de e-mails que lotam as nossas contas, sempre botando pra baixo o atual governo brasileiro, seja ele qual for, mas questionar o porque pessoas gastam seu tempo em atitudes como esta.


Mas e quem o faz? Quanto recebe? Em reais, em euros ou em dólares? Admiro o ponto criativo, mas qual é a solução?


Que não me levem a mau, nao é uma crítica, como já disse admiro a criatividade, a pesquisa e o estar bem informado, mas gostaria tanto de receber e-mails com projetos sociais ou culturais, e-mails que proponham mudanças num âmbito maior do que as contas gastas pelo governo, pois temos problemas semelhantes também fora do Brasil.


“Allora”, faz um ano que moro na Itália, não voltei mais para o meu país neste tempo. Tenho contato com muitos amigos, familiares que estão lá. Sei que existem dificuldades econômicas, sociais e políticas, como existem no mundo inteiro. Aqui na Itália, por exemplo, também temos problemas de corrupção, problemas de políticos que dormem durante congressos no senado, com a monopolizaçao dos meios de comunicaçao, com a competiçao, com o lixo e a interminável luta pelo poder.
Sendo assim, jamais direi que Italia, Suíça, Bélgica, Holanda ou qualquer país é melhor ou pior que o Brasil, ou seja, os problemas, cada qual na sua lavanderia, devem ser resolvidos de acordo, e neste acordo estão também as pessoas que insistem em criticar os pontos negativos e não gerar soluções. Então, pergunto para estas pessoas que investem o seu tempo e sua criatividade nestes e-mails, o que fazem além disso? Algo de prático para “o seu mundo”. Quero realmente saber! Porque como ja falei, nós aqui na Itália também contamos com inúmeros problemas. E como acredito que a “uniao faz a força”, creio que a união que faz essa força pode ser muito mais forte se é feita para o bem, para ressaltar os pontos bons de um governo, de um país, de uma família.


Portanto vocês, meus caro colegas, que dão o seu precioso tempo a estes tipos de e-mails e ao criadores e pesquisadores bem informados que acreditam que precisam abrir os olhos do mundo para esta sacanagem que rola, compartilhem conosco sobre seu trabalho, suas ações, seus planos com a comunidade, para que possamos juntos construir um mundo melhor, ou vocês acreditam que só porque vivo na Itália não me preocupo mais com a Floresta Amazônica? Nos também respiramos aqui! E acreditamos que cada um pode fazer e dar do seu melhor...



Jaciara Polese – Ferrara, Itália
Postado por Revista Integra às 04:21 2 comentários